Estas meditações bíblicas são sugeridas como meio de procura de Deus no silêncio e na oração, mesmo no dia-a-dia.
João 16,19-22: A tristeza convertida em alegria
Jesus, percebendo que os seus discípulos o queriam interrogar, disse-lhes: «Estais entre vós a inquirir acerca disto que Eu disse: ’Ainda um pouco, e deixareis de me ver, e um pouco mais, e por fim me vereis’? Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria! A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já não se lembra da sua aflição, com a alegria de ter vindo um homem ao mundo. Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria».(João 16,19-22)
Para os amigos de Jesus, o tempo que passaram com ele foi uma festa. O próprio Jesus queria que assim fosse, e tinha-lhes dito desde o princípio: ««Porventura podem os convidados para as núpcias estar tristes, enquanto o esposo está com eles?» (Mt 9,15). Nas cidades e aldeias da Galileia, com Jesus, havia festa em todos os lugares por onde ele passava.
Desde o início também, Jesus tinha dito palavras enigmáticas que ninguém conseguia entender: «Virá o tempo em que o noivo será levado». A festa acabará. Na véspera da sua morte, Jesus disse abertamente: «Ainda um pouco, e deixareis de me ver». Foi esta a passagem do Evangelho que lemos durante a oração. Jesus sabe que vai morrer. E ele sabe que vai ser difícil para os seus amigos. «Em verdade, em verdade vos digo», diz Jesus, «haveis de chorar e lamentar-vos».
Mas haverá um tempo depois desta tristeza. «Ainda um pouco, e deixareis de me ver, e um pouco mais, e por fim me vereis». Ao morrer, Jesus foi-se embora. Mas ele regressou da morte, e os seus amigos viram-no, em primeiro lugar Maria Madalena, depois Pedro e João, e muitos outros.
A alegria cristã é uma alegria pascal. Ela não é destruída pelo sofrimento e pela morte, pela ausência do Amado, pela ausência de Deus. Jesus disse: «Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria».
A alegria cristã é uma alegria pascal. Ele não é o contrário da tristeza. A alegria pascal habita nas nossas dores e tristezas, e isso transforma-as a partir de dentro. «A vossa tristeza converter-se-á em alegria». A dor e a tristeza não cederão à alegria, mas serão transformadas em alegria. Mesmo quando nem sempre se transformem em alegria, elas são visitadas e iluminadas pela alegria.
A tristeza e a alegria podem coexistir, tal como numa manhã de Outono o nevoeiro e a luz se misturam na colina de Taizé.
O apóstolo Paulo diz-nos: «Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram» (Rom 12,15). Como proceder, quando estamos ao mesmo tempo com pessoas que estão alegres e com outras que choram? Não podemos pôr em prática estas palavras, a não ser cantando e chorando ao mesmo tempo.
Existe algo a que se chama uma tristeza alegre. Há uma maneira triunfante de se alegrar que apenas pode tornar mais tristes os que choram. A alegria pascal é suficientemente grande para conter a tristeza e dor. Ela chora e alegra-se ao mesmo tempo. Ela devolve o sorriso aos rostos dos que estão infelizes.
Como um bebe, a alegria pascal nasce nas nossas dores. Jesus diz: «A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já não se lembra da sua aflição, com a alegria de ter vindo um homem ao mundo». É sobre a alegria nascida do sofrimento que Jesus diz: «Ninguém vos poderá tirar a vossa alegria».
Na Regra de Taizé, o irmão Roger escreveu há já muito tempo: «Não tenhas medo de comungar às provações dos outros, não tenhas medo do sofrimento, pois é muitas vezes no fundo do abismo que nos é dada a perfeição da alegria na comunhão de Jesus Cristo.»
Fonte: http://www.taize.fr/pt_article175.html
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